terça-feira, 6 de março de 2012

Espelho Cego
Cecília Meireles

Onde, a face de prata e cristal puro,
e aquela deslumbrante exatidão
que revela o mais breve aceno obscuro

e o compasso das lágrimas, e a seta
que de repente galga os céus do olhar
e em margens sobre-humanas se projeta?

Onde, as auroras? Onde, os labirintos,
- e o frêmito que rasga o peso ao mar,
- e os gritos, de áureos lustres e aéreos plintos?

Ah! que fazes do rosto que te entrego?
- Musgos imóveis sobre a sua luz...
Limos... Lúpulus... opaco espelho cego!

Nenhum comentário:

Postar um comentário