quinta-feira, 15 de abril de 2010

Longe, Meus Amores
Cecília Meireles

Longe, meus amores,
Tranqüila, guardei-os.
Às vezes, me ocorre:
Serão meus, ou alheios?

(A rosa em seu ramo,
o ouro, nos seus veios:
- quem é dono certo,
dono e sem receios?)

Ah, belos amores,
Sem fins e sem meios...
Hei de amar-vos menos,
Por serdes alheios?

Guardei meus amores.
Perdi-os? Salvei-os?
- Minhas mãos, vazias.
E meus olhos, cheios.

Mais doce é o deserto,
Para os meus recreios.
Em tempo de morte,
Que importam amores,
Nossos ou alheios?

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