terça-feira, 6 de abril de 2010

As Ruazinhas
Mario Quintana

Eu amo de um amor que jamais poderei expressar
Essas pequenas ruas com suas casas de portas e janelas,
Ruas tão nuas
Que os lampiões fazem às vezes de álamos,
Com toda a vibratilidade dos álamos, petrificada nos troncos imóveis de ferro,
Ruas que me parecem tão distantes
E tão perto
A um tempo
Que eu as olho numa triste saudade de quem já tivesse morrido,
Ruas como as que a gente vê em certos quadros,
Em certos filmes:
Meu Deus, aquele reflexo, à noite, nas pedras irregulares do calçamento,
Ou a ensolarada miséria daquele muro a perder o reboco...
Para que eu vos ame tanto
Assim
Minhas ruazinhas de encanto e desencanto,
É que expressais alguma coisa minha...
Só para mim!

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