terça-feira, 23 de março de 2010

Jesus ao Colo de Madalena
(A Guilherme Bellegarde)

Luiz Delfino

Jesus expira, o humilde e grande obreiro!...
Sobem já, pela cruz acima, escadas;
E nos cravos varados do madeiro
Batem os malhos, cruzam-se as pancadas.

Ouve-se o choro em torno. — As mãos primeiro,
Inertes, caem no ar dependuradas;
A fronte oscila; arqueia o tronco inteiro
Nos braços das mulheres desgrenhadas.

Soltam-se os pés. — Aumenta o pranto e a queixa.
Só Madalena ao oiro da madeixa
Limpa-lhe a face, que de manso inclina.

E no meio da lágrima mais linda,
Com o dedo erguendo a pálpebra divina,
Busca ver se Ele a vê... beijando-o ainda!...

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