sexta-feira, 26 de março de 2010

Desejo de Regresso
Cecília Meireles

Deixai-me nascer de novo,
nunca mais em terra estranha,
mas no meio do meu povo,
com meu céu, minha montanha,
meu mar e minha família.

E que na minha memória
fique esta vida bem viva,
para contar minha história
de mendiga e de cativa
e meus suspiros de exílio.

Porque há doçura e beleza

na amargura atravessada,

e eu quero a memória acesa
depois da angustia apagada.
Com que afeição me remiro!

Marinheiro de regresso
com seu barco posto a fundo,
as vezes quase me esqueço
que foi verdade este mundo.
(Ou talvez fosse mentira...)

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