domingo, 23 de agosto de 2009

Segredo
Ribeiro Couto

Nunca te disse nem direi o meu enlevo
Quando adormeces, ao som da chuva das noites frias,
E horas inteiras fico velando teu sono ingênuo.
Mas o grave pudor das confissões tardias
Fecha-me a boca. Nem murmuro que te amo.

Fora, a chuva, na vidraça,
Bate devagar, de manso.

Chuva, bate bem de manso!
Já não é mulher: menina
(Tal, no sono, é a sua graça)
Voltou a ser, pequenina,
A que dormindo me abraça.

Chuva, bate bem manso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário