segunda-feira, 22 de junho de 2009


A Eleita do Fantasma
Cecília Meireles

Por que eu te quero tanto, tanto,
Depois de tanto desencanto,
Depois de tanto, tanto pranto?

Oiço-te a voz no lento vento
Que anda comigo, sonolento,
Pela tormenta, num tormento...

E, ouvindo o vento, sinto, sinto
A noite como um labirinto
Envolvendo o meu corpo extinto...

Na grande treva que amedronta,
Minha alma tonta, tonta, tonta,
Os sonhos mortos, mortos, conta...

E faz perguntas, faz perguntas...
Quer saber das vidas defuntas
Que antigamente andavam juntas...

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